O Discernimento da Subversão.

Em sua última carta aos amigos e benfeitores, o superior do distrito dos EUA da FSSPX, pe. Le Roux, tece considerações interessantes a respeito da oposição entre subversão e tradição, considerando a primeira não somente como ferramenta, mas como núcleo da Revolução, a qual, por sua vez, institucionaliza o ódio à autoridade.
Estas considerações, no entanto, vão logo servir ao intento principal da carta, que é também o intento dos dirigentes atuais do referido instituto, ou seja, o reforço da própria autoridade pela estigmatização dos resistentes à nova orientação, e isto simplesmente negando a existência desta última. O autor da carta não titubeia em afirmar: “Algumas pessoas, enganadas por suspeitas repetidas e ampliadas pela internet, contraíram um medo irracional de uma suposta traição, inexistente e nunca provada (…). Seus ataques difamatórios (…) são somente ferramentas do espírito de subversão e revolução”.
Sim, querem ganhar pelo cansaço. Mas não nos cansemos. Recordemos então, brevemente, o motivo essencial que levou, leva e levará numerosos sacerdotes, fiéis e comunidades amigas a tomar distância do antigo carro-chefe da Tradição: a sua nova orientação. Em direção a que? À Igreja Conciliar. A prova principal: a resolução do capítulo de 2012, com suas 6 condições “roda-quadrada”, que oficializam a vontade de acordo, ou seja, a vontade de submissão à Roma conciliar, trocando a conversão desta pelas garantias da mesma, confiando, dando fé à Roma que perdeu a Fé(1).
Este é o ponto. Não é preciso que se chegue ao ensino formal de heresias para se constatar a desorientação, fruto da subversão instalada (2). Pois aqui a autoridade suspeita da Roma conciliar passa adiante da Fé, bem comum necessário sem o qual não se alcança a finalidade da Igreja, a salvação das almas, que é sua lei suprema (3). Não há garantias que justifiquem essa vontade de submissão, no máximo elas podem disfarçar sua malignidade, mais ou menos como a falsa justificação protestante cobriria os pecados sem os apagar realmente.
Além disso, essa mudança de orientação devia permanecer conhecida de poucos, e se apresentou esse Capítulo como um triunfo de pacificação, como um alívio, uma resolução dos problemas. Assim, a subversão estava no seu ambiente: o segredo e o falso compromisso, imobilizadores eficazes da maioria (4).
Estas constatações estão longe de ser as únicas, muitos escreveram sobre outros aspectos da crise da FSSPX e da Tradição como um todo. Mas elas são suficientes  para mostrar  o papel de funcionário sem escrúpulos que faz  o pe. Le Roux, negando friamente toda traição e imputando a subversão aos que resistem a ela. Não trabalha com a realidade, mas intenta impor uma visão que, com certeza, não se exerce à luz da Fé.
“Nós não falamos para dizer alguma coisa, mas para obter um certo efeito”
Josef Goebbels.
(1)-  Por mais escandalosa que seja, a declaração de abril de 2012 não é a chaga mais profunda nessa crise. Poder-se-ia até imaginar que, numa situação de pressão, as autoridades da FSSPX chegassem a, finalmente, retratá-la. Não seria o fim da crise, pois outra declaração ambígua poderia tranquilamente sair de uma direção que aceita passar pela contradição nas suas resoluções para se submeter à Roma tal qual ela  é.
(2) – Note-se que mesmo na Carta Magna da Igreja Conciliar, os documentos do Vaticano II, as novidades não aparecem de forma evidente, talvez somente em 5% dos textos… Mas os outros 95% não são íntegros. Porque o Concílio como tal foi perpassado por uma atração maligna, expressa sobretudo no célebre discurso de encerramento: a vergonhosa simpatia entre a religião de Deus que quis ser  homem e a da religião do homem que quer  ser Deus. Hoje muitos constatam o desastre, mas na época poucos o pressentiram. Os pontífices da revolução com tiara e pluvial se encarregaram de fomentar a passividade da maioria: Credo do Povo de Deus, declarações sobre a fumaça de Satanás, algumas punições para os mais radicais, etc. A passividade foi mantida, o desastre aí está, e a estratégia foi tão bem sucedida que a passividade permanece.
(3) – Ainda ecoa nos nossos ouvidos esta triste confissão de desistência contida na resposta do Conselho Geral aos 3 bispos: “Pelo bem-comum da Fraternidade, preferiríamos de longe a solução atual de statu quo intermediário, mas, manifestamente, Roma não tolera mais”.
(4) – Pois a Subversão trabalha mais pela imobilização que pela mobilização da maioria. Isto porque ela quer garantir que a sua minoria ativa trabalhe sem possível concorrência, a fim de que os fins subversivos sejam melhor alcançados. Numa sociedade hierárquica que tanto preza a obediência, como a Igreja, ela então procurará atingir a cabeça, e depois imporá a mudança pela falsa obediência. Falará muito de liberdade quanto estiver para se apossar do comando (durante o Vaticano II muito se falou de liberdade), mas falará mais de obediência quando, ocupado o poder, encontrar resistência.

Ir. Joaquim Daniel Maria de Sant’Ana, FBMV.

(25/dez/2013) Santo Natal: homilias da Missa do Galo e da Missa da manhã.

Natal1EU, O PRINCÍPIO. (JO. VIII, 25)
Católico, não busque a novidade
Que o mundo quer sempre infiltrar na Igreja,
Prenda-se ao que do Céu nasce e viceja
Fundamentado apenas na Verdade,
 
Que pelo tempo e em qualquer idade,
A Santa Tradição, tão benfazeja,
Zelosa guarda, para que se veja,
Haja o que houver, a mesma integridade.
 
O que ontem era mau, hoje igualmente,
O que era honesto, honesto continua,
Nunca temer desagradar ninguém.
 
Trazer portanto em nós e à nossa frente
Toda a Verdade que na Cruz estua
Depois de se mostrar desde Belém.
 
Homilia da Missa do galo (à meia-noite)http://youtu.be/72fanqAaKpg
Homilia da Santa Missa da manhã: http://youtu.be/lJr1yRMCi4Q

(22/dez) Homilia do 4°. Domingo do Advento

Evangelho segundo São Lucas 3: 1. No ano décimo quinto do reinado do imperador Tibério, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe tetrarca da Ituréia e da província de Traconites, e Lisânias tetrarca da Abilina, 2. sendo sumos sacerdotes Anás e Caifás, veio a palavra do Senhor no deserto a João, filho de Zacarias. 3. Ele percorria toda a região do Jordão, pregando o batismo de arrependimento para remissão dos pecados, 4. como está escrito no livro das palavras do profeta Isaías (40,3ss.): Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. 5. Todo vale será aterrado, e todo monte e outeiro serão arrasados; tornar-se-á direito o que estiver torto, e os caminhos escabrosos serão aplainados. 6. Todo homem verá a salvação de Deus.

(01/12/2013) Homilia do 1°. Domingo do Advento (início do novo ano litúrgico)

volta cristo
Evangelho segundo São Lucas 21, 25 – 33: 25. Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. E, na terra, a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas. 26. Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir a toda a terra. As próprias forças dos céus serão abaladas. 27. Então verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande poder e majestade. 28. Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa redenção. 29. Acrescentou ainda esta comparação: Olhai para a figueira e para as demais árvores. 30. Quando elas lançam os brotos, vós julgais que está perto o verão. 31. Assim também, quando virdes que vão sucedendo estas coisas, sabereis que está perto o Reino de Deus. 32. Em verdade vos digo: não passará esta geração sem que tudo isto se cumpra. 33. Passarão o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão.


(24/11/2013) Homilia do 27°. Domingo depois de Pentecostes (último dia do ano litúrgico)

Epístola de São Paulo aos Colossenses.
Evangelho segundo São Mateus 24, 15 – 35: 15. Quando virdes estabelecida no lugar santo a abominação da desolação que foi predita pelo profeta Daniel (9,27) – o leitor entenda bem - 16. então os habitantes da Judéia fujam para as montanhas. 17. Aquele que está no terraço da casa não desça para tomar o que está em sua casa. 18. E aquele que está no campo não volte para buscar suas vestimentas. 19. Ai das mulheres que estiverem grávidas ou amamentarem naqueles dias! 20. Rogai para que vossa fuga não seja no inverno, nem em dia de sábado; 21. porque então a tribulação será tão grande como nunca foi vista, desde o começo do mundo até o presente, nem jamais será. 22. Se aqueles dias não fossem abreviados, criatura alguma escaparia; mas por causa dos escolhidos, aqueles dias serão abreviados. 23. Então se alguém vos disser: Eis, aqui está o Cristo! Ou: Ei-lo acolá!, não creiais. 24. Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, que farão milagres a ponto de seduzir, se isto fosse possível, até mesmo os escolhidos. 25. Eis que estais prevenidos. 26. Se, pois, vos disserem: Vinde, ele está no deserto, não saiais. Ou: Lá está ele em casa, não o creiais. 27. Porque, como o relâmpago parte do oriente e ilumina até o ocidente, assim será a volta do Filho do Homem. 28. Onde houver um cadáver, aí se ajuntarão os abutres. 29. Logo após estes dias de tribulação, o sol escurecerá, a lua não terá claridade, cairão do céu as estrelas e as potências dos céus serão abaladas. 30. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem. Todas as tribos da terra baterão no peito e verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens do céu cercado de glória e de majestade. 31. Ele enviará seus anjos com estridentes trombetas, e juntarão seus escolhidos dos quatro ventos, duma extremidade do céu à outra. 32. Compreendei isto pela comparação da figueira: quando seus ramos estão tenros e crescem as folhas, pressentis que o verão está próximo. 33. Do mesmo modo, quando virdes tudo isto, sabei que o Filho do Homem está próximo, à porta. 34. Em verdade vos declaro: não passará esta geração antes que tudo isto aconteça. 35. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão.

(17/11/2013) Homilia do 26°. Domingo depois de Pentecostes (Parábolas do grão de mostarda e do fermento)

Evangelho segundo São Mateus 13: 31. Em seguida, propôs-lhes outra parábola: O Reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem toma e semeia em seu campo. 32. Este grão é em verdade a menor de todas as sementes, mas, quando cresce, torna-se um arbusto maior que todas as hortaliças, de sorte que os pássaros vêm aninhar-se em seus ramos. 33. Disse-lhes, por fim, esta outra parábola. O Reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha e que faz fermentar toda a massa. 34. Todas estas coisas disse Jesus à multidão em forma de parábola. De outro modo não lhe falava, 35. para que se cumprisse a profecia: Abrirei a boca para ensinar em parábolas; revelarei coisas ocultas desde a criação do mundo (Sl 77,2).